terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sessão da tarde.

Aumenta mais o som, porque minha cabeça grita. Vamos abafar o gemido rouco da unha que arranha o mesmo ego do seco daquilo que eu já nem sei mais se quero - que inconveniência a minha. Eu ando pra frente, e tudo atrás faz um coro imenso e sem sentido, entoando cânticos alienígenas. Falam em esperanto, e não há fé no consumo de dores amenas e socos de seda. Cansei de penar por conseguir o que desejo, é meu castigo, um ombro, um vento, um estrondo que me esmaga esses ossos de giz. Sussurra um arrepio leve no meu ouvido, ou então me dá golpes de faca no oco entre meu estômago e fígado, qualquer coisa assim, que dê conforto. Dor que distrai da dor é uma forma de alívio. Faça o que for coerente com o que te afeta, mas compreenda a minha angústia ao ver vírgulas nos teus modos, e ao constatar que nada no mundo supera a tua mão nos meus quadris.

Eu grito por dentro, mas abafo todo o bom do fato. Eu não sei expelir meus amores, eles vão me corroendo, me debilitando, me adoecendo...


P.s.: Esse texto eu já publiquei há seis meses atrás, mas o conteúdo é tão atual, que resolvi colocar aqui. A vida também tem suas reprises...