terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Oh, Mrs. Dalloway...

Gostaria de ser apenas qualquer coisa ausente, minha presença me oprime. É injusto passar a vida inteira sem poder estar longe de mim mesma. Claustrofobia. Quem fica só se acompanha de si, e eu não me quero por perto – minhas vozes falam demais. Não quero ouvir o que tenho a dizer, que continue entalado, até, sei lá, até meu organismo absorver. Liga a televisão aí. Uma ode à falta de consciência, e à poeira debaixo do tapete. Vai um vinhozinho? Um beijo sujo, uma trepada insignificante? Só não me deixa sozinha aqui, por favor, eu tenho muito medo, me fala de você, de repente até de mim, mas nada que me leve a grandes reflexões. Onde foi mesmo que a gente comeu naquele dia? Não quero arrumar a casa, vamos evitar esse confronto com aquilo que eu enfiei no fundo da gaveta, enrolado em papel de presente. Presente agora seria não estar presente, então não me deixa aqui no meio dessa bagunça.


Fugir do eu é não poder parar em mim.