domingo, 21 de outubro de 2007

i just wanna be cafona!

Eu não sei de você, mas eu não consigo ser cool, sequer tentar, desde que a paixão bateu a porta.
Deixei de me esforçar para manter o charme blasé quando me dei conta que ela, a paixão, transformou-se em amor. Nem vi quando ela mudou-se aqui pra casa, passou a comer direto da panela e a tomar banho de porta aberta.
Pouco importa o corte correto dos meus jeans, a tinta cara no cabelo, a curiosidade em descobrir bandas boas antes de todo mundo (quer coisa mais cool que ouvir uma banda indie das Ilhas Cook?), ou a coleção de dvds do Bergman. Meu amor me pintou de vermelho-Almodóvar. Não é Cosmopolitan, é vodca Natasha, direto da prateleira do Carrefour para a minha mão por módicos R$ 8,99. Misturada com sprite e um pouco de sal, para piorar o que já era ruim.
Eu não sei de você, mas o meu amor não é Beth Orton. Death Cab for Cutie? Nem pensar!
Meu amor é Bethânia, chorado, rasgado, vibrante, com cores que brilham demais e doem na vista. Treme como a voz dela, e como eu, por inteiro, ao simples abrir de olhos para encarar você. Ao sentir o gelado da tua pele encostada na minha, logo depois de sair do banho, ou como os beijos que me viram de ponta-cabeça.
Chega de procurar explicações ou justificativas, nas letras do disco novo do Radiohead, no cinema ou na literatura médica. Nem na Bíblia, porque não tem jeito. Nos tempos antigos, creio que as paixões eram bem mais low profile...
Meu amor é cafona, desajeitado como andar de patins na sala dos cristais. Meu amor me dá raiva, dá vergonha, vontade de enterrá-lo a sete palmos, junto com as fotos da adolescência (como é que eu usava aquele cabelo?!). Mas meu amor me diverte. Me completa, me enche de orgulho por carregar tamanha coisa boa, coisas que eu me achava incapaz de sentir. E me faz querer, loucamente, que ele nunca termine.