Eu me viro, reviro, suspiro, a falta de ar me impede de dormir, as letras das músicas conhecidas reverberam na minha cabeça, e a tua imagem ainda está aqui.
Te vi duas vezes. Três. Em todas, você tinha um ar alheio, quase infantil, quase idiota.
Te vi três vezes. Na terceira, minha boca se lançou a tua de forma incontrolável; eu não queria parar de afagar os teus cabelos, ainda que eles tivessem pequenos nós nas pontas, cabelo maltratado de homem, de menino desleixado.
Eu não queria parar. E, adivinha, eu não quero parar.
Na madrugada dos beijos intermináveis, teu ar continuava quase infantil, quase idiota, curioso, enquanto tua mão teimava em repousar no osso do meu quadril.
E eu tentava descobrir o teu cheiro e chegar mais perto, encontrar um lugar entre os pêlos, na aspereza da tua barba crescida.
Te vi três vezes. Quatro, que seja. Foi o suficiente.
A tua imagem ainda está aqui.